Dia da Mulher sugere reflexão sobre as barreiras ultrapassadas e que falta ultrapassar

ENTREVISTA

Luísa Azevedo personifica reforço das mulheres no executivo da Câmara

 

Luísa Azevedo, a vereadora que se estreia no actual mandato autárquico, onde assume as pastas da Juventude, Turismo e Voluntariado, personifica o reforço das mulheres no executivo da Câmara Municipal, o que confirma uma “evolução positiva” quanto a um papel cada vez mais preponderante das mulheres na política.

Consciente da importância de continuar a celebrar o Dia Internacional da Mulher, porque a afirmação das mulheres tem que continuar, não deixa de lamentar que o dia esteja a resvalar para um excessivo papel comercial (com jantares, festas, entre outros aspetos), “quando deveria ser, essencialmente, um dia de reflexão”. Para a vereadora, “colocarmos a sociedade a refletir sobre as conquistas de grandes mulheres no passado, como por exemplo o direito ao voto, bem como sobre eventuais medidas ou posições a tomar para lutarmos, homens e mulheres, por uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais humana, seria um passo significativo para a intervenção das mulheres na comunidade”.

“Esbater a diferença” é um papel que cabe a todos

Numa pele diferente daquela que vestia até setembro de 2021, e consciente do ingresso num mundo que ainda é “maioritariamente masculino”, o do poder local, deixa claro que, em quase seis meses de trabalho, nunca sentiu que o facto de ser mulher a “diferenciasse, quer pela positiva, quer pela negativa”. Rejeitar a discriminação não implica rejeitar, contudo, a consciência de que a condição de mulher poderá condicionar a mecânica das suas decisões. “O simples facto de ser mulher pode levar a que, de forma natural, a minha sensibilidade possa de alguma maneira analisar determinadas questões de um outro prisma. Mas a minha condição de mulher não rege a minha condição de vereadora. O que me diferencia na esfera governativa é a minha formação, valores e personalidade”, refere a propósito.

Licenciada em Educação, Administração Educacional pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho, e tendo passado pelo Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Braga, e pelo universo associativo, nomeadamente, na Fraternidade Nuno Álvares, Luísa Azevedo aceita que isso “influenciou” a forma como vê “a progressiva participação das mulheres nesses setores marcadamente masculinos”. A propósito, recorda: “ingressei na causa da arbitragem numa fase em que era raro vermos mulheres árbitras no desempenho das suas funções. Atualmente, com o cargo que detenho no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Braga, acompanho mais de perto a evolução do papel da mulher na sociedade, neste caso concreto, no mundo desportivo e na família escutista”. Sente “que a mulher tem tido um papel cada vez mais participativo na sociedade”, mas assume que ainda há “um longo caminho a percorrer”. E não se coloca de fora da equação dessa luta pela igualdade que tem de prosseguir: “ao sentir esta participação feminina cada vez mais ativa, dá-me uma força maior para continuar a contribuir para esbater a diferença de género”.

Ainda há “obstáculos” por derrubar

Do lado da luta, Luísa Azevedo entende que “todos nós concordamos com o papel importantíssimo da mulher na sociedade”, um cenário que infelizmente contrasta com “uma sociedade onde uma mulher, para conseguir ter um papel preponderante, tem de lutar e derrubar imensos obstáculos”. Toca por exemplo na questão da desigualdade salarial, “onde as mulheres recebem, em média, menos 14 por cento que os homens”. Assim, “apesar de assistirmos a uma evolução natural do papel da mulher na sociedade, esta ainda enfrenta muitas barreiras, muitos estereótipos erradamente formados, muitas desigualdades, no acesso ao emprego e na justiça, a título de exemplo”.

No seu entender, a história não pode continuar a justificar a menorização da mulher: “historicamente, a mulher sempre foi vista como um elemento frágil, tendo sido reduzida a sua participação à unidade familiar, sendo apenas a cuidadora, a dona de casa. Hoje em dia, o papel da mulher multiplica-se pela vertente profissional e familiar. Sei que ainda temos um longo e difícil caminho pela frente, mas será a evolução natural da sociedade”. Joga os argumentos das inúmeras mulheres protagonistas na cena nacional, europeia e mundial -  temos uma mulher a liderar a Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen; a nível nacional, também temos mulheres que desempenham funções de relevo em vários contextos sociais, como Manuela Ferreira Leite, comentadora política, Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, Elvira Fortunato, cientista, Cristina Ferreira, Diretora de Entretenimento e Ficção da TVI, Paula Amorim, empresária, entre outras -, para deixar claro que não há volta atrás na sua afirmação.

 

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