CÂMARA DESRESPEITA LUTO NACIONAL E BENEFICIA COLIGAÇÃO PSD/CDS-PP

Com todo o país de luto de três dias pela morte de um antigo Presidente da República, em honra do qual o Governo decretou cerimónias fúnebres de Estado, lamenta-se que, no último fim de semana, a maioria PSD/CDS-PP que há 20 anos vai gerindo a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão não tenha estado à altura das suas responsabilidades e cumprido com os deveres a que, como órgão executivo de uma autarquia local, institucionalmente está obrigada.

Apesar do Senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ter deixado claro, através da mensagem ao país que, na passada sexta-feira, fez inscrever no sítio da Presidência da República, segundo a qual deveriam ser cancelados ou adiados os eventos organizados ou promovidos por entidades ligadas ao Estado” durante os três dias de luto nacional decretado pela morte do Presidente Jorge Sampaio, nos últimos sábado e no domingo o presidente da Câmara e o vereador com os pelouros das Freguesias e do Desporto e Tempos Livres (não por acaso, o mesmo cidadão que foi escolhido por Paulo Cunha para lhe suceder) continuaram com o seu roteiro de inaugurações, visitas e lançamentos de primeiras pedras.

O povo chama a isto descaramento e caça ao voto.

A Concelhia de Famalicão do Partido Socialista – que tem fortes motivos para pensar que os dois políticos agem assim porque sabem que o concelho vai entrar num novo ciclo político – acha que é falta de nível e défice de cultura democrática.

Com efeito, qualquer autarca consciente dos seus deveres perante as leis da República e o povo que representa teria, logo na sexta-feira, adiado ou cancelado a reabertura do Cineteatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave.

Com o país já mergulhado num luto carregado, aquele não era o timing certo para os ribadavenses se unirem e celebrarem em clima de festa a reabertura de uma centralidade cultural que, espera-se, irá contribuir para dinamizar a oferta sociocultural da Vila. Lamentavelmente, assim não aconteceu e até um deputado à Assembleia da República se juntou à comitiva camarária.

Mas, mais grave, foi o que veio a passar-se sábado e domingo. Com os mais altos dignitários da República, muitos governantes e autarcas, elementos do corpo diplomático, dirigentes partidários (incluindo do PSD e do CDS-PP) e milhares de portugueses anónimos a despedirem-se de Jorge Sampaio em Lisboa, rendendo-lhe as suas últimas homenagens, em Famalicão Paulo Cunha e Mário Passos ignoravam os sentimentos da maioria dos portugueses. E não pararam a campanha eleitoral: como presidente de Câmara e vereador, respetivamente, meteram uma bandeira do concelho no carro e foram cumprir a agenda previamente delineada à medida dos seus interesses eleiçoeiros. Em dois dias, passaram por oito freguesias (Outiz, Cavalões, Castelões e Carreira, no sábado, e Oliveira Santa Maria, Lagoa, Avidos e Ribeirão, no domingo).

Entretanto, talvez para iludir o escrutínio da Comissão Nacional de Eleições, o léxico político-eleitoral famalicense havia sido adaptado pela maioria que ainda vai gerindo a Câmara de Famalicão. E na informação prévia enviada à comunicação social, “inauguração” fora eufemisticamente substituída por “visita às obras concluídas” e “entrega simbólica à população”. O descerramento da placa da ordem, esse, é que não podia faltar…

Atestam-no as diversas fotografias publicadas, durante o fim de semana, na comunicação social famalicense e aquelas que foram tiradas a preceito pelo fotógrafo oficial, já disponíveis no banco de imagens digital do município.

Para vergonha de todos os famalicenses, numa delas, referente à “visita às obras concluídas na zona envolvente ao cemitério de Cavalões”, segundo nota do Gabinete de Comunicação e Imagem camarário, aparece o presidente da Junta de Freguesia local com uma bandeira nacional dobrada debaixo do braço, depois de mais um corta-fitas virtual. Se não fosse politicamente indigente, era caso para termos pena. Assim, só temos um facto a constatar: o presidente da Junta da União de Freguesias de Gondifelos, Cavalões e Outiz não merece a reeleição, porque não tem idoneidade cívica e política para a função.

O mesmo se passa, aliás, com o presidente da Junta de Freguesia de Castelões, que é funcionário público de profissão e não pode ignorar os seus deveres enquanto tal. Ao organizar e estar presente na “visita ao novo Memorial aos Escuteiros” da freguesia por parte do presidente da Câmara e do vereador Mário Passos, protagonizou um comportamento moral ilícito e eticamente reprovável. De igual modo, não merece a confiança do bom povo de Castelões.

O dislate, porém, roçou a mais refinada produção teatral quando, para famalicense ver e apaziguamento de consciências em sobressalto, a direção de campanha da coligação PSD/CDS-PP fez saber no sábado, via Facebook, que suspendia as ações de promoção eleitoral previstas para os três dias de luto nacional. Pudera! Para quê fazer campanha e ter de pagar para isso se se podem conseguir os mesmos objetivos, e sem custos, aparecendo nas freguesias como presidente Paulo Cunha e vereador Mário Passos?

Os famalicenses não se reveem neste tipo de comportamentos! A História do Poder Local democrático em Vila Nova de Famalicão exige dos seus titulares mais decoro e outro sentido das responsabilidades. A memória e o muito que por Portugal fez o Presidente Jorge Sampaio justificam que no governo municipal estejam cidadãos e democratas com outra dimensão cívica e mais cultura democrática.

Estamos certos que os famalicenses terão este lamentável episódio em consideração quando, no dia 26, fizerem as suas escolhas.

 

Paulo Folhadela

(Porta-voz da Candidatura Autárquica Concelhia do PS Famalicão)

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