Longas filas no Centro de Vacinação resolvidas com agendamento centralizado, garante ARS

Ontem foi dia de caos no Centro de Vacinção, com utentes a esperarem 4 e 5 horas para tomarem a vacina

 

Longas filas, esperas superiores a quatro horas, em pé, e debaixo de temperaturas que subiram até aos 25 graus. Este foi o cenário vivido esta segunda-feira no Centro de Vacinação de Vila Nova de Famalicão, a funcionar nas antigas instalações da Didáxis de Vale São Comes, onde se encontra actualmente instalado o Centro de Investigação, Inovação e Ensino Superior.

O cenário vem-se repetindo, com oscilações, entre dias em que o processo decorre sem sobressaltos e outros em que se instala o caos, desde que arrancou a fase de auto agendamento para a toma da vacina contra a Covid-19. O processo arrancou no passado mês de abril e foi evoluindo para utentes de idades inferiores, encontrando-se agora aberto para os que têm mais de 45 anos.

 

Agendamento centralizado irá resolver situação, garante a ARS

De acordo com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), interpelada pelo Povo Famalicense, “as filas de espera, ocorreram, casualmente, na sequência da sobreposição do agendamento de segundas doses de utentes agendados pelas nossas Unidades Funcionais com utentes do Auto Agendamento”. Ou seja, “no momento em que os utentes foram inoculados com primeira dose, não estava previsto que o auto agendamento efetuasse marcações no período da manhã, e tendo sido alterado posteriormente, consequentemente provocou a sobreposição dos agendamentos”. Neste sentido, rejeita convocatórias em número superior à capacidade instalada, a qual “deu e continuará a dar resposta, como tem dado, apesar de alguns dias, onde a sobreposição de agendamentos é elevada”. 

Para evitar que a situação volte a ocorrer, e que se tem verificado um pouco “em todo o país”, a ARSN dá conta de que está a ser desenvolvido um processo de “centralização do agendamento”. A ARSN diz mesmo que “a situação ficará resolvida com o agendamento centralizado, ou seja, com a marcação de vacinação de primeiras e segundas doses a nível central, pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) entidade que faz a gestão das plataformas digitais, evitando-se a sobreposição de utentes”. As diversas entidades encarregues da operacionalização do sistema “estão a trabalhar numa solução”, assegura.

Entretanto, “para minimizar a sobreposição dos agendamentos, foi solicitado o envio de SMS para comunicar a alteração de horário, a fim de não haver concentração de utentes no período das 08:00 - 14:00”.

 

Utentes não poderão entrar com antecedência superior a 30 minutos

 

Não obstante a concentração de segundas doses com o auto agendamento, a ARSN adianta que estes congestionamentos resultam também do comportamento dos utentes, que “não respeitam o horário do agendamento, tomando a iniciativa de se deslocar o mais cedo possível para evitar as filas de espera”. Assim, “foi instalado um sistema de controlo que, caso o utente esteja com um período de antecedência superior a 30 minutos, não poderá entrar, a fim de normalizar o fluxo de utentes e os aglomerados populacionais”. 

De facto, no local, a reportagem do Povo Famalicense conseguiu perceber que há utentes a desrespeitar a hora de convocatória. “Há pessoas que têm a vacina marcada para as dez e onde da manhã e já cá estão na fila, e à minha frente”, revelava à nossa reportagem uma cidadã que, na manhã de ontem, esperava ser vacinada cerca das nove da manhã. No entanto, a última vez que falamos com ela, passava do meio dia, ainda lá se encontrava a aguardar pela toma da dita vacina.

 

“Indigno” censura Paulo Cunha

“Indigno” é a palavra que o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão encontra para definir o que se passou ontem e tem repetido no Centro de Vacinação de Famalicão.

Contactado pelo Povo Famalicense, Paulo Cunha não volta a aceitar como justificativa para o “caos” a questão do auto agendamento. A primeira vez que esta situação motivou o protesto do município, em março último, as entidades responsáveis resguardaram-se nesse elemento novo, adianta, mas passado mais de um mês na sua introdução “já não é razão suficiente”, diz. “Se esta situação tivesse ocorrido uma primeira ou uma segunda vez, seria até compreensível, atendendo a que este é um cenário inteiramente novo. Passado tanto tempo não se compreende que continue a acontece e que não tenham sido tomadas medidas”, frisa.

O edil famalicense, segundo o qual ontem mesmo o município enviou exposição sobre a situação às Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), deixa claro que a postura da Câmara sempre foi de cooperação com as autoridades, e chega a questionar-se o que seria se assim não fosse: “tudo aquilo que nos foi pedido foi concedido. Para além das instalações do centro, a Câmara tem lá 25 assistentes operacionais em permanência, investiu 50 mil euros em tendas para acomodar serviços, forneceu 18 computadores e até 23 enfermeiros, pagando cerca de quatro mil horas de enfermagem por mês. Estamos a ajudar com tudo o que nos foi pedido, de modo a garantir que o processo decorria de forma eficaz, e isso não está a acontecer. Eu questiono-me que seria se o município não estivesse do lado da solução”.

Paulo Cunha lamenta esta incapacidade do sistema em gerir o excesso, e o “chico espertismo” que também ocorre - com pessoas a violar a hora para a qual estão convocadas e a irem para a fila antes dessa na certeza que lá estando são vacinadas -, temendo que se promova um sentimento de “desconfiança” na população no que toca à vacinação, e que com isso não se consigam atingir os objectivos que nos permitam retomar a normalidade plena.

 

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